Como Conseguir Cirurgia Biportal da Coluna pelo Plano de Saúde (Guia 2025)
⚠️ Atualização Jurídica (Novembro/2025)
Este guia foi elaborado com base na Resolução Normativa 465/2021 da ANS, na Súmulas 210 e 211 do TJRJ e nos entendimentos atualizados do STJ e STF sobre o Rol Taxativo/Exemplificativo.
1. Introdução: Quando a Dor Encontra a Burocracia 🤝
Você fez tudo certo. Pagou as mensalidades do seu plano de saúde em dia, suportou dores constantes na coluna, passou por consultas e exames exaustivos. Finalmente, seu médico de confiança encontrou a solução: a cirurgia endoscópica biportal da coluna.
A esperança de voltar a andar sem dor e recuperar sua qualidade de vida surge. Mas, poucos dias depois, vem o banho de água fria: o plano de saúde negou a cobertura ou autorizou apenas a cirurgia aberta (tradicional), ignorando completamente a prescrição do seu médico.
A sensação de injustiça e desamparo é inevitável. Afinal, por que você deve se submeter a um procedimento com grandes cortes e recuperação lenta se existe uma técnica minimamente invasiva disponível? A resposta das operadoras geralmente envolve burocracias como "ausência no Rol da ANS" ou "falta de Diretriz de Utilização (DUT)".
No entanto, é fundamental que você saiba: na grande maioria dos casos, essa negativa é abusiva e ilegal. A Justiça brasileira, através de entendimentos consolidados no STJ e TJSP, protege a autonomia do seu médico e a sua segurança.
Neste guia, vamos desmontar as desculpas dos planos e mostrar o caminho jurídico — através da liminar — para garantir o tratamento que você precisa e merece.
2. Por que Insistir na Técnica Biportal Não é "Capricho", é Necessidade 🏥
Muitas vezes, o plano de saúde tenta convencer o paciente de que a cirurgia endoscópica da coluna (BESS) é um "luxo" e que a cirurgia aberta resolve o problema da mesma forma. Isso não é verdade.
A escolha pela técnica biportal visa a segurança do paciente. Estamos falando de um procedimento realizado através de duas pequenas incisões (cerca de 1 cm cada), preservando a musculatura e a estrutura óssea. Para quem sofre com estenose de canal vertebral ou hérnia de disco, isso significa a diferença entre semanas na cama ou voltar à vida normal em poucos dias.
Veja a comparação que justifica juridicamente a escolha do seu médico:
Ao negar essa técnica, o plano de saúde não está apenas economizando dinheiro; ele está impondo um risco desnecessário e um sofrimento prolongado a você. Juridicamente, isso fere a boa-fé objetiva do contrato.
3. As Desculpas que os Planos Usam (E Por Que São Ilegais) ⚖️
Para negar seu direito, as operadoras utilizam argumentos que parecem técnicos e irrefutáveis. Vamos traduzir o que eles dizem e por que estão errados perante a lei.
3.1 "Não consta no Rol da ANS" ou "Falta de DUT"
Este é o argumento mais comum. O plano alega que, embora a cirurgia esteja no Rol, não existe uma Diretriz de Utilização (DUT) específica para o seu caso, ou que a técnica biportal não está listada nominalmente.
A Realidade Jurídica: A inclusão da "Cirurgia de Coluna por via Endoscópica" ocorreu com a Resolução Normativa (RN) 465/2021. A ausência de uma DUT restritiva é, na verdade, positiva: significa que a ANS não impôs limites, deixando a decisão inteiramente para o médico assistente.
Além disso, o STJ e o STF (ADI 7.265) consolidaram o entendimento de que o Rol da ANS é a cobertura mínima obrigatória. Se existe comprovação científica da eficácia do tratamento (e a biportal tem ampla literatura mundial), a cobertura deve ser garantida.
3.2 A Guerra dos Materiais (OPME): O "Sim, mas..."
Muitas vezes, o plano autoriza a cirurgia, mas nega os materiais cirúrgicos (OPME) essenciais, como as pinças específicas da endoscopia, óticas ou parafusos especiais, oferecendo materiais genéricos que inviabilizam a técnica biportal.
Isso é uma manobra para forçar a cirurgia aberta. Porém, a Resolução Normativa 424 da ANS e o Enunciado 19 do CNJ são claros: cabe ao médico assistente — e somente a ele — determinar as características dos materiais necessários. O auditor do plano não pode interferir na técnica cirúrgica.
⚠️ O plano autorizou a cirurgia, mas negou os materiais?
Isso é classificado como "negativa abusiva" pelos tribunais. Você não é obrigado a aceitar uma cirurgia aberta se seu médico prescreveu a técnica biportal (menos invasiva) e os materiais adequados.
Entenda como garantir os materiais corretos4. A Solução Rápida: O Pedido de Liminar 🚀
A maior preocupação de quem sente dor é o tempo. "Se eu entrar na justiça, vou esperar 5 anos para operar?"
A resposta é não. Para casos de saúde, existe um mecanismo chamado Tutela de Urgência, popularmente conhecida como Liminar. É uma decisão provisória que o juiz concede logo no início do processo, antes mesmo de ouvir a defesa do plano de saúde.
Devido ao caráter de urgência (dor, risco de agravamento da lesão neurológica), esses pedidos costumam ser analisados pelos juízes entre 24 a 72 horas após o protocolo da ação. Se concedida, o plano é obrigado a autorizar o procedimento e os materiais imediatamente, sob pena de multa diária.
5. Passo a Passo: O Que Você Precisa Reunir Agora 📋
Para aumentar as chances de êxito na liminar, a documentação precisa ser técnica e robusta. O juiz não é médico, então ele precisa entender a gravidade do seu caso através dos papéis.
📄 Checklist de Documentos Essenciais
- ✔ Laudo Médico Detalhado: Deve conter o CID, a justificativa técnica de por que a biportal é necessária (e por que a aberta não é recomendada), os materiais necessários, e a urgência do caso.
- ✔ Negativa por Escrito: Não aceite "não" por telefone. Exija o documento formal da operadora com a razão da recusa (ou número de protocolo).
- ✔ Exames de Imagem: Laudos recentes de Ressonância Magnética ou Tomografia que comprovem a patologia.
- ✔ Orçamento dos Materiais (se houver): Caso a negativa seja parcial (OPME).
Já reuniu esses documentos? Envie para nossa análise prévia aqui.
6. O Que Dizem os Tribunais? (Sua Segurança Jurídica) 🏛️
A jurisprudência (decisões dos juízes) é amplamente favorável ao paciente nesses casos. O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, por exemplo, possui a Súmula 210 e 211, que dizem:
"Para o deferimento da antecipação da tutela contra seguro saúde, com vistas a autorizar internação, procedimento cirúrgico ou tratamento, permitidos pelo contrato, basta indicação médica, por escrito, de sua necessidade"
"Havendo divergência entre o seguro saúde contratado e o profissional responsável pelo procedimento cirúrgico, quanto à técnica e ao material a serem empregados, a escolha cabe ao médico incumbido de sua realização"
Isso significa que, se seu médico pediu, o plano tem pouquíssima margem para negar. Além da cirurgia, em casos onde a negativa gerou agravamento da dor ou humilhação, é possível pleitear indenização por danos morais e, se você pagou particular, o reembolso integral das despesas.
Conclusão: Não Aceite a Dor Como Resposta ✅
A negativa do plano de saúde para a cirurgia endoscópica biportal não é o fim da linha. É apenas uma barreira burocrática e financeira que a operadora coloca para tentar vencer você pelo cansaço.
Você tem o direito à saúde, à dignidade e ao tratamento mais moderno disponível para sua recuperação. Não é o auditor do plano quem decide o que é melhor para sua coluna — é o seu médico.
Com a documentação correta e o apoio jurídico especializado, é possível reverter essa injustiça rapidamente através da liminar, garantindo não apenas o procedimento, mas também os materiais necessários para que você volte a viver sem dor.
Teve sua cirurgia biportal negada?
A negativa do plano não é a palavra final. A Justiça entende que a escolha da técnica cabe ao seu médico, não à operadora.
Não espere sua dor aumentar. Nossa equipe pode analisar seu caso hoje mesmo e verificar a viabilidade de uma liminar para garantir seu tratamento.
❓ Perguntas Frequentes (FAQ)
Tire suas dúvidas sobre os direitos de quem precisa da cirurgia de coluna pelo plano de saúde.
❓ Quanto tempo demora para sair a liminar da cirurgia?
Em casos de urgência médica comprovada (com dor ou risco neurológico), o pedido de tutela de urgência (liminar) costuma ser analisado pelo juiz entre 24 a 72 horas após o protocolo da ação.
❓ O plano pode negar os materiais (parafusos/pinças) da cirurgia?
Não. A Resolução Normativa 424 da ANS garante que o médico assistente tem autonomia para solicitar os materiais (OPME) que julgar necessários. O plano não pode impor materiais de qualidade inferior que coloquem em risco o sucesso da técnica biportal.
❓ Posso pedir reembolso se paguei a cirurgia particular?
Sim. Se você teve que arcar com os custos devido à negativa indevida e à urgência do caso, é possível entrar com uma ação de reembolso integral, com correção monetária e juros, além de possíveis danos morais.
❓ O plano pode cancelar meu contrato se eu processar?
Absolutamente não. O cancelamento do contrato como forma de represália por uma ação judicial é ilegal e considerado conduta abusiva gravíssima. A lei protege o beneficiário contra esse tipo de perseguição.